terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Reforma Católica

     Era necessário combater a propagação do protestantismo e reafirmar os dogmas católicos, negados pelos protestantes. Por isso, tornou-se urgente a reformulação moral, política e econômica da igreja católica. Foi criado o chamado “soldados de Cristo” eram jesuítas destinados reconstituir o clero e diminuir o crescimento do protestantismo.     Para o sucesso da Contra-Reforma, muito contribuíram a ação de alguns papas reformistas como Paulo III, o apoio dado à Igreja por algumas ordens religiosas como a Companhia de Jesus e o Tribunal do Santo Ofício.      
     O papa Paulo III foi o organizador do Concílio de Trento, onde foi reafirmada a doutrina católica.     Dentre as principais medidas, podemos destacar: a proibição da venda de indulgências, a organização do Índex dos Livros Proibidos, reaver a inquisição, converter nativos de novas terras através da catequese, a idolatria dos santos e da virgem. Dessas medidas a Inquisição se destaca, por ser uma forma repressora extremamente severa, na qual foram julgados muitos protestantes.
      Devido ao desenvolvimento naval, a contra-reforma foi mais expressiva na Espanha e Portugal, pois a Igreja enviou jesuítas para a América do sul e central, conseqüentemente os protestantes migraram para o norte da América.

O Concílio de Trento

     O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico. É considerado um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica. Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da  e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e a reação à divisão então vivida na Europa devido à Reforma Protestante, razão pela qual é denominado também de Concílio da Contra-Reforma.
     Para opôr-se ao protestantismo, o concílio emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente as doutrinas católicas quanto à salvação, os sete sacramentos (como por exemplo, confirmou a presença de Cristo na Eucaristia), o cânone bíblico (reafirmou como autêntica a Vulgata) e a Tradição, a doutrina da graça e do pecado original, a justificação, a liturgia e o valor e importância da Missa(unificou o ritual da missa de rito romano, abolindo as variações locais, instituindo a chamada "Missa Tridentina"), o celibato clerical, ahierarquia católica, o culto dos santos, das relíquias e das imagens, as indulgências e a natureza da Igreja. Regulou ainda as obrigações dos bispos.

Instrumentos da Contrarreforma

Contrarreforma ou Reforma Católica? Segundo alguns, a primeira designação resume todas as causas e acções católicas como uma resposta à Reforma Protestante, daí  o segundo termo ser considerado mais correcto. Neste trabalho vamos utilizar a designação Contrarreforma, não como forma de reduzir todas as causas a uma, mas sim como uma resposta católica a um conjunto de factores que a fizeram “acordar” da apatia em que estava mergulhada.
 Uma das causas tem origem no fim da Idade Média, a peste do século XIV. Esta peste foi altamente mortal. As soluções humanas não eram suficientes, daí se procurar a ajuda divina, ou seja, aumenta o interesse pela religião. As práticas religiosas tornam-se mais pessoais e não tanto no âmbito da igreja como era habitual. As pessoas sentiam necessidade duma relação mais “próxima” com Deus.     
 Para além das causas religiosas já mencionadas, surgiram causas morais. Os abusos do clero começavam a ser exagerados, todos o sabiam. Algumas vozes se levantaram contra, mas nenhuma alcançou tão largas proporções como a de Lutero. Este sacerdote, em 1517, publicou 95 teses contra a prática das indulgências. De início não era seu objectivo criar uma nova religião, a sua intenção era modificar aquilo estava errado, o que saía das práticas antigas. Contudo, a Igreja Católica excomungo-o em 1520, obrigando-o a lutar de forma radical por aquilo em que acreditava. Após Lutero surgiram outros reformadores; aqueles que tiveram mais impacto foram Calvino e Henrique III (anglicanismo). Estas novas doutrinas têm propagação e aceitação mais rápida nos países do norte da Europa, o que origina uma ruptura na cristandade.
A Reforma Protestante só teve este impacto porque muitos dos Estados europeus estavam interessados num afastamento do poder papal sobre eles. As próprias pessoas tinham necessidade de uma nova forma de religião, ou de uma mudança na igreja.
 Por volta de 1540 a Igreja Católica reage a todas estas situações que a faziam perder estados para o protestantismo. A Contrarreforma serviu também para revitalizar a Igreja. Os instrumentos utilizados, seus objectivos e consequências vão ser tratados de seguida.

A Europa se divide

     Em meados do século XVI, a cristandade na Europa estava dividida em várias igrejas. Dentro de 
cada país as pessoas eram obrigadas a seguir a religião do rei. 
Por exemplo, nas regiões da Alemanha em que o luteranismo havia sido adotado, os católicos foram 
perseguidos.
     Na Espanha, a Inquisição perseguiu protestantes, judeus, cristãos-novos e muçulmanos. Do vasto 
domínio da Igreja de Roma, na Europa, restaram apenas Península Itálica, Espanha, Portugal, Áustria, 
França, Polônia, sul da Alemanha e Irlanda. E mesmo nesses países, os protestantes tinham muitos 
aspectos.

Católicos e calvinistas na França

     Na França, o teólogo João Calvino posicionou-se com as obras protestantes e as idéias evangelistas, partindo da necessidade de dar à Reforma um corpo doutrinário lógico, eliminando todas as primeiras afirmações fundamentais de Lutero: a incapacidade do homem, a graça da salvação e o valor absoluto da fé. 
Calvino julgava Deus todo poderoso, estando a razão humana corrompida, incapaz de atingir a verdade. Segundo ele, o arrependimento não levaria o homem à salvação, pois este tinha natureza irremediavelmente pecadora. Formulou então a Teoria da Predestinação: Deus concedia a salvação a poucos eleitos, escolhidos por toda a eternidade. Nenhum homem poderia dizer com certeza se pertencia a este grupo, mas alguns fatores, entre os quais a obediência virtuosa, dar-lhe-iam esperança. 
     Os protestantes franceses seguidores da doutrina calvinista eram chamados huguenotes, e se propagaram rapidamente pelo país. O calvinismo atingiu a Europa Central e Oriental. Calvino considerou o cristão livre de todas as proibições inexistentes em sua Escritura, o que tornava lícitas as práticas do capitalismo, determinando uma certa liberdade em relação à usura, enquanto Lutero, muito hostil ao capitalismo, considerava-o obra do demônio. Segundo Calvino, "Deus dispôs todas as coisas de modo a determinarem a sua própria vontade, chamando cada pessoa para sua vocação particular". Calvino morreu em Genebra, em 1564. Porém, mesmo após sua morte, as igrejas reformadas mantiveram-se em contínua expansão.